Minha intenção com a historinha dos peixes é simplesmente mostrar que as realidades mais obvlas, onipresentes e fundamentais são com frequência as mais difíceis de ver e conversar sobre. (p. 263-264): “A unica verdade com V maiúsculo é que quem decide como vai tentar ver as coisas são vocês mesmos. (…) poder decidir conscientemente que tem significado e que não tem.” (p. 2733 David Foster Wallace.
Ficando longe do fato de já estar melo que longe de tudo.

Você precisa entender: isso não é um texto, é um discurso. Ouça me, pois eu sou velho e sei das coisas. A felicidade é apenas um sopro, exalado um suspiro de cada vez. Ela – i. e. a felicidade – também é tão fugidia e passageira como cada respiração e, assim como respirar, a felicidade, de um momento para o outro, com ou sem nenhum aviso cessa. Diferentemente da respiração, a felicidade pode retornar. Então, caro visitante, pedimos-lhe. encarecidamente, que você não interpele as obras expostas aqui singularmente à luz desse texto ou na vã esperança que pode muito bem realizar-se de encontrar em imagens e somente no belo a sua felicidade.

Estas obras – de arte -, ou melhor, estas proposições não são ilustrações do que é ou um manual para se alcançar a felicidade. Esta exposição é. Simples assim: ela – i. e. esta exposição – existe e a existência¹ prescinde de essência e de sentido. E, na ausência de sentido anterior ou posterior, o que se pede de você, gentil visitante, é que estejas aqui, agora e em nenhum outro lugar com sua mente.

Porque apenas você poderá criar conexões e ter seus afetos – e talvez seus desafetos – excitados, assim existindo – como nossa exposição – simples e singularmente no agora.

A consequência dessa atitude ousada? Bem, esperam-se apenas duas²:

1. Que os sentidos (ou significados serla uma palavra mais adequada?) sejam escolhidos no e a partir deste agora em que se toma contato com as obras aqut apresentadas:

2. [e talvez mais importante] Que você nos ajude a preencher esta curta coluna de ar que separa tudo o que se conhece do infinito que mora nas estrelas com alegria e, assim, com sorte, talvez poderemos encher esta breve atmosfera de felicidade.

Não seria um sonho se o impossível acontecesse e átomos indiferentes que dão forma a tudo o que existe conseguissem ser contaminados por um sentimento humano que sequer palavras conseguem dar conta ou explicar com precisão? Ora, quem disse que o impossivel não pode acontecer? Quem disse que a vida é algo mais que um sonho? Pois, melhor aprendermos com essas imagens impossíveis aqui expostas, melhor deixarmo-nos afetar por inomináveis sentimentos que estarão associados às obras dentro de cada individuo. Assim, com sorte, um dia entenderemos que a dura matéria do mundo também é fofa como a matéria das nuvens, como sempre foi e sempre será nos mundos de sonhos apresentados por estes artistas dedicados e sonhadores que aqui encontram-se reunidos através das Imagens que sabem afetar os viventes que se põe em contato delas – i. e. as imagens.

¹Como postulado por Jean Paul Sartre.
²Apesar de não nos limitarmos apenas a essas duas.