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A exposição fotográfica de Marcia Gadioli leva a um olhar que nos remete a indícios apresentados em suas imagens nostálgicas de um tempo que se foi e deixou marcas, e mesmo assim insinua um devir. O que acontecerá agora com estes espaços que já contaram histórias, que abrigaram corpos e situações, mágoas e alegrias?

O congelamento do instante é uma questão inerente à linguagem fotográfica, mas quando Marcia o faz, oferece uma noção de tempo diferente, de um tempo suspenso. Porém ao “congelar o instante”, nos faz retornar a memória do lugar, à história do espaço que ali estava construído e que abrigava pessoas. Um espaço indicial pois, apesar de não existir mais, ainda deixa sua marca de passagem, sua marca de existência, porém uma marca que mais cedo ou mais tarde fará parte somente do imaginário dos habitantes da cidade, logo sumirá e outra construção se fará em seu lugar e outras histórias ali serão feitas, reconstruindo o espaço físico e também o nosso imaginário.

Entre um tempo e outro, entre um olhar e outro, entre um gesto fotográfico e outro, as imagens de Marcia se constroem e reconstroem, questionando este instante suspenso, no qual só o índice de passagem de tempos e corpos se mostra, assim a artista nos instiga a olhar o instante e as marcas de passagem que ficaram.

Rafaela Jemene
Artista visual